
(Cine Joia na década de 50 ~ Foto: Reprodução Acervo Alexandre Kishimoto)
Os tempos áureos
Localizado na praça Carlos Gomes, no número 82, no bairro da Liberdade (região central), o Cine Joia foi inaugurado originalmente em 1952 como um cinema que exibiria filmes japoneses de vanguarda da época, justamente para atender inicialmente à comunidade nipônica que era a hegemonia do local.

(Cine Joia na década de 50/60 ~ Foto: Reprodução Acervo Alexandre Kishimoto)
Durante as décadas de 50, 60 e parte da de 70, foram predominantes as exibições dos premiados filmes da produtora e distribuidora Toho, principalmente, os do cineasta Akira Kurosawa. E vale ressaltar que, essa produtora japonesa é famosa e conhecida historicamente pela criação do clássico “Godzilla”, que com certeza, chegou a ser exibido por lá.
Com o tempo, o Cine Joia não ficou restrito à comunidade local, e sim, muitos intelectuais e cinéfilos o frequentariam e outros similares e conhecidos da região, como o Cine Niterói, Nippon (rua Santa Luzia) e o Cine Tokyo (rua São Joaquim), sendo assim, esses espaços foram fundamentais para o reconhecimento do bairro da Liberdade como um pólo da cultura japonesa em São Paulo.

(Comunidade nipônica, público frequentador do Cine Joia e de outros cines na região da Liberdade, durante as décadas de 50 e 60 ~ Foto: Reprodução Acervo Alexandre Kishimoto)
As transformações do bairro

(Rua Galvão Bueno por cima da Radial Leste, anos 2000 ~ Reprodução Google Maps)
Com a nova urbanização que se iniciaria no bairro a partir do fim da década de 60, como a construção da Diametral Leste-Oeste (Radial Leste) e a estação de metrô Liberdade, obrigou muitos estabelecimentos a se mudarem, ou tragicamente, desaparecerem. Como foi o caso do Cine Niterói, obrigado a se mudar para a esquina da Avenida Liberdade com a Rua Barão de Iguape.
E outro fator transformador da região, foi que a Liberdade também deixava de ser reduto exclusivo dos japoneses, pois muitos deixaram de residir na região mantendo apenas seus estabelecimentos comerciais. Com isso, o lugar passou a ser procurado por coreanos e chineses, o que fez não ser mais conhecido somente como o “bairro japonês”, e sim, o “bairro oriental” de São Paulo.

(Saída do metrô Liberdade para a avenida Liberdade, anos 2000 ~ Foto: Wikipédia Commons)
Diante disso e com a chegada do videocassete que transferiu os filmes para a tela da TV no início da década de 80, muitos desses cinemas começariam a perder o seu público, e no decorrer do tempo também, as produções de filmes japoneses foram ficando menos frequentes e perderiam a popularidade que possuíam na década de 50 e 60, a “época de ouro” do cinema do Japão.
E mesmo assim, o Cine Joia como o Cine Niterói, foram resistentes ao tempo e ficaram de portas abertas até o ano de 1988, e sempre, exibindo filmes japoneses. O Cine Joia viria a se tornar um templo da Igreja Pentecostal, mas isso também teve uma data de encerramento.



(Registros do Cine Joia entre as décadas de 70 e 80 ~ Reprodução)
O novo Cine Joia

(Divulgação)
Em 2011, com a ideia de resgatar esses “tempos áureos” da região central paulistana, o famoso empresário da noite Facundo Guerra, argentino radicado em São Paulo, escolheu o lugar para seu novo empreendimento de entretenimento justamente por possuir essa memória afetiva como afirmava na época:
“Não vejo outra alternativa. Cresci aqui. A decisão foi territorial, se abrisse em qualquer outro lugar, seria apenas por dinheiro.”

(Facundo Guerra, à direita, no antigo saguão de bilheteria do Cine Joia ~ Divulgação)
E assim foi inaugurado o novo Cine Joia no dia 11 de novembro de 2011, uma sexta-feira, consistindo em ser um misto de espaço cultural, balada e casa de shows. Nessa empreitada, Facundo fez sociedade com o jornalista Lúcio Ribeiro e o produtor André Juliani.
A volta do Cine Joia foi fundamental para a região, trouxe uma revitalização e nova agitação cultural similar e vivida nos tempos em que foi conhecida por esse êxito. A programação de shows, festas, baladas e outros eventos, inseriu novamente o Cine Joia nos circuitos culturais, tanto os mainstream como os alternativos, da cidade.

(Novo Cine Joia reinaugurado em 2011 ~ Divulgação)
Pelo site, http://cinejoia.tv/, é possível acompanhar essa programação, que semanalmente sempre divulgam uma novidade, como por exemplo, de hoje à noite (16/09) haverá a Festa Pardieiro com o show da cantora carioca residente em SP, Marina Lima, que comemorará os seus 61 anos no palco do Cine Joia.
E em dezembro, haverá um outro show histórico nesse palco, o ex-baixista Peter Hook das lendárias bandas Joy Division e New Order, virá para se apresentar com a performance de dois álbuns da aclamada coletânea “Substance”, e detalhe, tocando todas as faixas na íntegra! Quem é das antigas ou curte as bandas, não pode perder essa!







(Novo Cine Joia reinaugurado em 2011 ~ Divulgação)
Fontes: Site Cine Joia, Coluna Revista Época (Márcio Cruz), Site IG São Paulo (Augusto Gomes) e Wikipédia.

Redação SP da garoa

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